Durante algum tempo, aproximadamente quatro anos, desempenhei na minha comunidade a função de Ministro da Eucaristia. Nessa atividade, que muito me senti honrado, tive que, por força da atividade, participar de muitos velórios onde observava aqueles que estavam na condição de defuntos e, alí, fazia uma comparação de como seria o meu fim. Assim como naquele momento estava o defunto própriamente dito, outro dia poderia estar aquele que estava ao meu lado, depois outro, depois outro e, depois, eu. E essa atividade era muito benéfica para mim porque me colocava ciente da minha condição de "ser vivo" que, em determinado dia, não sei quando, passaria à condição de "ser morto". Há muitos anos, quando passei a ter uma certa intimidade com as bebidas, cheguei até mesmo a não valorizar a própria vida e hoje, já completamente o inverso daquela época, valorizo-a muito e várias vezes até cheguei a cometer a insanidade de querer viver no mínimo duzentos anos. Talvez para compensar o tempo em que não valorizava a vida e quando o fiz, como ví que era bom viver, então passei a cometer essa insanidade de querer viver, ou muitos anos, mais ou menos uns duzentos, ou não morrer. Mas tolices desse tipo não mais existem pois sei exatamente que sou homem de tempo contado depois que participei dessa função de Ministro da Eucaristia. Mas, mesmo assim, gostaria de permanecer por aqui por um bom tempo, isto é, se o meu Mestre assim o permitisse. Voltando a falar sobre o tema MORTE, em uma determinada época, quando estava participando de um velório, uma determinada pessoa, muito amiga de minha família, chegou para a minha mulher e disse, um banco antes do que eu estava: "mas como pode isso, minha amiga Anna, até ontem eu estava com esse homem conversando. Quem diria que hoje eu estaria diante do caixão dele?" Foi a partir desse momento que, ouvindo-a, utilizei seu próprio nome para criar o primeiro quadro com o tema morte. Foram muitos os que criei para colocá-los em minhas exposições para conscientizar àqueles que as visitam de que somos, verdadeiramente, pessoas de tempo contado e a musiquinha que a Simone canta, "Como será o amanhã?", sempre complementa assim: "responda quem puder". Na realidade nós não sabemos de nada mesmo nessa vida a respeito do nosso destino porque nossa vida é fugás. Uma parte da música termina assim: "o meu destino será como Deus quiser, o que será". Aqui estou reproduzindo apenas nove desses quadros abordando o tema morte, embora apenas quatro deles estão emoldurados: o com o nome da minha irmã LÚCIA, feito quando da morte do meu saudoso cunhado Eudes; o com o nome da NICE, feito quando da morte do meu primo Jacy; o com o nome da MAURA, feito quando da morte do médico da comunidade e o com o nome da RODENIR, feito com seu próprio nome, partindo de um comentário que me fez na época sobre o tema. Como todos os que conhecem sabem que são quadros elaborados com o intúito de fazer as pessoas refletirem sobre a morte, esta é uma boa oportunidade para que, da mesma forma, reflitamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário